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Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu, no final da década de 90, com o compromisso de lutar, ao lado dos excluídos urbanos, contra a lógica perversa das metrópoles brasileiras: sobram terra e habitações, falta moradia. A especulação imobiliária transforma terra urbana em promessa de lucro e alimenta o processo de degradação humana, o caos urbano. Em que cidade não se encontram apartamentos vazios, prédios abandonados, terrenos na periferia à espera da valorização? Em qual centro urbano não há mendicância, morador de rua, submoradias? As famílias sem-teto não têm direitos, são o avesso da cidadania. Não têm emprego, moradia, alimentação, saúde, lazer, cultura. Vivem como sombras nos semáforos, nas esquinas, nos bancos das praças, atrás de um prato de comida, um trocado. Enfrentam a indiferença, o preconceito, a violência policial. Estão excluídas das decisões políticas que determinam os rumos da vida social.

sábado, 8 de outubro de 2011

Gol de Romário na Câmara dos Deputados

23/08/11 
Leiam o excelente discurso feito ontem por Romário  na Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre os impactos das obras da Copa e das Olimpíadas na questão da moradia. O texto segue abaixo na íntegra:
Senhor Presidente,
Nobres colegas,
Quem me conhece, quem acompanha minha atuação como parlamentar, sabe que eu, como milhões de brasileiros, estou na torcida para que o país realize da melhor maneira possível a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
É por isso, inclusive, que tenho demonstrado preocupação e cobrado publicamente explicações das autoridades para os atrasos nos preparativos para esses eventos.
Por outro lado, assim como vários colegas da Comissão de Turismo e Desporto, tenho procurado chamar a atenção para a necessidade de que esse processo seja conduzido com absoluta transparência, com espírito cívico, e também para que não deixemos em momento algum de ter em mente o legado desses eventos esportivos, isto é, o que vai ficar para a nossa população depois que o circo for embora.
Por isso, Senhor Presidente, é que venho acompanhando com apreensão as notícias sobre o modo como têm sido realizadas, em alguns casos, as desapropriações para a realização das obras. Há denúncias e queixas sobre falta de transparência, falta de diálogo e de negociação com as comunidades afetadas, no Rio de Janeiro e em diversas capitais.
Há denúncias também de truculência por parte dos agentes públicos.
Isso é inadmissível, Senhor Presidente, e penso que esta Casa precisa apurar essas informações, debater esse tema.
Não podemos nos omitir.
Diante desse quadro, nosso país foi objeto de um estudo das Nações Unidas, e a relatora especial daquela Organização chegou a sugerir que as desapropriações sejam interrompidas até que as autoridades garantam a devida transparência dessas negociações e ações de despejo.
Um dos problemas apontados se refere ao baixo valor das indenizações.
Ora, nós sabemos que o mercado imobiliário está aquecido em todo o Brasil, em especial nas áreas que sediarão essas competições.
Assim, o pagamento de indenizações insuficientes pode resultar em pessoas desabrigadas ou na formação de novas favelas.
Com certeza, não é esse o legado que queremos.
Não queremos que esses eventos signifiquem precarização das condições de vida da nossa população, mas sim o contrário!
Também não podemos admitir, sob qualquer pretexto, que nossos cidadãos sejam surpreendidos por retro-escavadeiras que aparecem de repente para desalojá-los, destruir suas casas, como acontece na Palestina ocupada.
E, como frisou a senhora Raquel Rolnik, relatora da ONU, “Remoções têm que ser chave a chave”. Ou seja, morador só sai quando receber a chave da casa nova.
É assim que tem que ser.
Tenho confiança de que a presidente Dilma deseja que os prazos dos preparativos para a Copa e as Olimpíadas sejam cumpridos, mas não permitirá que isso seja feito atropelando a Lei e os direitos das pessoas, comprometendo o futuro das nossas cidades. Espero que ela cuide desse tema com carinho.
É hora, Senhor Presidente, nobres colegas, de mostrarmos ao mundo que o Brasil realiza eventos extraordinários, sem faltar ao respeito com a sua população.
Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

AUDIÊNCIA PÚBLICA EM BRASÍLIA LANÇA CAMPANHA “SEM TETO, COM VIDA”


Integrantes de movimentos sociais denunciam atentados 
[Edson Francisco, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). No centro, o presidente da CDH, senador Paulo Paim.     ]
Várias denúncias de atentados contra integrantes de movimentos sociais foram feitas nesta terça-feira (4) durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH). A audiência foi solicitada pelo presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS).
[Edson Francisco, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) - Foto: José Cruz / Agência Senado]
Em uma das denúncias, Edson Francisco, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirmou que dois homens tentaram assassiná-lo no dia 6 de setembro passado, após invadirem sua casa, localizada na cidade-satélite de Brazlândia, no Distrito Federal. Ele contou que vários tiros foram disparados, sendo que um deles o atingiu de raspão. Edson apresentou fotos dos tiros que atingiram sua casa e mostrou a cicatriz que teria sido causada pelo atentado.
Para os participantes da audiência, casos como esse seriam reflexo da "criminalização dos movimentos sociais" que ocorre no país. 
Grupo de extermínio
Além dessa e de outras denúncias de atentados contra integrantes de movimentos sociais, a advogada Sandra Paulino pediu que seja "federalizada" a investigação da morte do soldado Júlio César de Lima, da Polícia Militar de São Paulo, que denunciou aexistência de um grupo de extermínio na PM de seu estado. Sandra Paulino, que está sob proteção, era a advogada de Júlio César.
 SEM TETO COM VIDA 
- Venho falando desse grupo de extermínio há 16 anos. E tenho, por causa disso, vários processos contra mim - protestou ela.
Ao reiterar o pedido de que a investigação passe ao âmbito federal, Sandra disse que, ao contrário do que a PM de São Paulo informou, essa entidade não estaria realizando a devida apuração do crime.
Paulo Paim declarou que vai encaminhar as denúncias apresentadas nesta terça-feira ao Ministério da Justiça.
Também participaram da audiência os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Lídice da Mata (PSB-BA) e Marinor Brito (PSOL-PA) e os deputados federais Chico Alencar (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF).

AUDIÊNCIA PÚBLICA EM BRASÍLIA LANÇA CAMPANHA “SEM TETO, COM VIDA”


MTST realiza audiência no Senado e ocupação do Ministério da Justiça, pela campanha.

do site da CSP CONLUTAS


A audiência pública contra a criminalização dos movimentos sociais, realizada em Brasília, nesta terça-feira (4/10), lançou oficialmente a campanha “Sem Teto, Com Vida”.  Essa ação, promovida pelo MTST, Frente de Resistência Urbana, CSP-Conlutas e outras organizações do movimento sindical e popular, tem como objetivo denunciar os recentes casos de atentados sofridos por integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), além de intensificar a campanha contra a criminalização dos movimentos sociais.

No debate foram discutidos como tema central os três ataques criminosos sofridos pelos companheiros do MTST, no Distrito Federal, em Minas Gerais e em Manaus. Na ocasião foi entregue um dossiê com a denuncia de todos esses atentados.

O senador Paulo Paim (PT-RS), encaminhará esse documento junto ao Ministério da Justiça.  Para dar continuidade à campanha nos estados, o senador juntamente com a Secretaria de Direitos Humanos irá articular a realização de audiências públicas nas regiões em que ocorrem esses atentados, com a presença de ministérios públicos estaduais e Federal.

Para o membro da Coordenação Nacional do MTST Guilherme Simões, outro ponto  importante debatido na reunião foi a dificuldade de se conseguir o reforço da segurança desses companheiros. “As audiências públicas são importantes, porém temos que garantir efetivamente a segurança para esses companheiros que ainda estão expostos á novos atentados”, denunciou.

Segundo o coordenador, as vitimas desses atentados participaram da audiência. Um deles, Edson Francisco, no dia 6 de setembro, teve sua casa atingida com 18 tiros. Por sorte o companheiro conseguiu fugir. “Num ato simbólico o Edson chegou a tirar a camiseta durante a audiência e mostra o ferimento em seu peito, causado por um tiro o atingiu de raspão. Além disso, mostrou fotos de sua casa com as marcas de tiros”, salientou Simões.

A campanha continuará agora com o encaminhamento de realizações de audiências nos estados. O Abaixo-assinado também continuará sendo amplamente divulgado.

Após a audiência, integrantes do MTST realizaram uma ocupação no Ministério da Justiça a fim de encaminhar junto ao órgão o dossiê com as denuncias.

Estiveram presentes na audiência centrais sindicais e organizações do movimento popular e estudantil, representações políticas como os senadores Paulo Paim (PT-RS), Eduardo Suplicy (PT-SP), Demóstenes Torres (DEM-GO), a senadora Marinor Brito (Psol-PA), além de representantes da Secretaria Geral da Presidência e Secretaria Especial de Direitos Humanos.