MULHERES PROJETANDO O FUTURO
Por Queila Normando*
Para aprofundar temas como assédio moral, sexual, opressão e machismo as mulheres gráficas da Bahia, Uberlândia, Belo Horizonte, Cuiabá, Feira de Santana e convidas do Movimento Popular Terra Livre/GO e MTST/DF foram recebidas com muita amorosidade. Aconteceu nos dias 18/19 e 20 O Seminário MULHERES PROJETANDO O FUTURO realizado pelo FNTIG e STIG/DF.
O momento inicial da denúncia foi no setor gráfico onde trabalhadores/as fizeram passeata e ato público contra o assédio moral, o machismo e a opressão. O segundo momento foi uma viajem no tempo no Museu de Brasília para conhecer a história dos gráficos desde o império, as primeiras máquinas, os primeiros livros literários impressos e costurado.
Isto tudo já mencionado foi só uma pitada neste encontro. Aprofundamos com o Psicanalista Leonardo da UNB, sobre o assédio moral e sexual. Fez abordagens sobre o crescimento do assédio moral nos últimos anos, ilustrando casos reais na AMBEV sobre funcionários que não alcançavam metas, essas situações têm objetivo de desestabilizar, difamar e isolar o trabalhador. Ofereciam mulheres de brinde para programas sexuais, obrigar homens a desfilar de mulheres, tirar dos funcionários o direito ao meio básico do trabalho(mesa,computador etc.), sobre carga de trabalho intencionalmente, situações vexatórias por meio de críticas e pretensas brincadeiras.
Foi feita análise histórica para entender que o assédio não brotou do nada mais de uma intencionalidade clara do sistema capitalista, o mostro da opressão e de todos os vícios ideológicos aonde os seres humanos são sujeitos. Foi só a pitada para a indignação, sentimentos, razão, solidariedade entre o grupo, o saber ouvir, falar, denunciar e entender as causas deste mal imposto de um sistema que há anos vem de forma perversa tratando os trabalhadores/as apenas como força de trabalho que vive miserável mais acumula riqueza para seus patrões e de quebra sofre as doenças físicas e psicológicas pelo acumulo da carga horária e o assédio e tantos outros mal.
A voz feminina gritava denunciando, foi um momento dolorido, assim disse a próxima palestrante grande companheira Jane da LSR, feminista e professora no Rio de Janeiro, trouxe reflexões sobre a Mulher no século XXI, que a opressão é construída na raiz da formação da sociedade de modo que causa dor física, exemplifica alguns relatos de companheiras no ato da denúncia de seus assédiadores, diz “não devemos nos silenciar e que a reação para combater deve ser coletiva”. Que não devemos naturalizar a realidade se conformando com a condição colocada, fez a reflexão de como as mulheres devem apropriar-se de ferramentas para desconstruir essa realidade perversa. Que possamos em cada processo de formação nos enxergar na realidade opressora.
O tempo era inimigo para este grupo que parou para o almoço ás 14hs e ainda tínhamos 03 pontos para aprofundarmos, mais não desanimaram. Fabiana advogada sindical manteve o calor da indignação falando sobre a Legislação pertinente à proteção da mulher e suas polêmicas, que trouxe a história da luta das mulheres pela redução da jornada de trabalho, o direito a maternidade, fator previdenciário, doenças do trabalho, reestruturação produtiva, auxílio creche, Lei Maria da Penha, instabilidade a maternidade e afirmou que a bandeira que nos uni é a classista pelo fim da opressão. A cada reflexão crescia a indignação “ O Estado não permite o direito das mulheres serem mães”.
Após essa rodada com os palestrantes é chegada a hora de olhar para nossa realidade e projetar o futuro, assim dar continuidade aos trabalhos foi o grande desafio do grupo coordenado por Eliane Lacerda Diretora da FNTIG e STIG/MG. Os grupos problematizaram sobre o tempo da mulher no trabalho, família, lazer, tarefas domésticas e militância deparam-se com a constatação da realidade que é de fato desafiadora, projetar e organizar uma proposta de atuação que seja conjunta para melhorar as condições das mulheres.
A organização do encontro foi significativa para a Secretaria de Mulheres da FNTIG e para os sindicatos regionais que colocaram a necessidade de reproduzir em sua base.
O Movimento Popular Terra Livre, agradece o convite e participação no Encontro que conforme avaliação foi significativo para a formação, bem como o direito de indignasse com as injustiças cometidas a categoria gráfica e as demais, e deixar nossa mais profunda solidariedade a luta da categoria e as mulheres.
*Queila Normando é educadora popular e do campo, membro do Coletivo de Educação e Formação movimento popular Terra Livre/GO.
FOTOS DO ENCONTRO DE MULHERES TRABALHADORAS DO SETOR GRÁFICO.
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